Mergulhar a fundo no universo de um personagem é fundamental para o trabalho de composição de alguns atores. Afinal, ter as mesmas vivências de seu papel pode ajudar a compreender melhor o perfil que se pretende traçar. Foi justamente isso que Bianca Comparato fez para criar Betânia, a jovem que interpreta em "Avenida Brasil". Na trama, a personagem, que cresceu em um lixão, trabalha como frentista. Por isso, a atriz passou cerca de um mês dando expediente em um posto de gasolina, no Rio de Janeiro. Lá, aprendeu a abastecer, colocar água no radiador de um carro, abrir e fechar o capô, entre outras coisas. A experiência, inclusive, reflete na hora de gravar. "No set do posto de gasolina, eu me sinto muito bem, eu domino", conta ela, que também usa o que aprendeu em seu dia a dia. "Eu, sinceramente só deixo o cara abastecer meu carro e encher o pneu. Se ele falar: 'Está com pouco não sei o quê...', eu falo: 'Tenho meu mecânico. Que bom que você avisou, vou levar lá'", completa.
Bianca também quis conhecer de perto a realidade de um lixão. Foi até Gramacho, que está para fechar, e ficou comovida com os catadores, que se organizavam para lutar por seus direitos. "Cheguei em um momento crítico, estavam todos muito imbuídos ali. Rolava uma energia muito forte", recorda. A atriz teve a chance de conversar por um tempo com seis catadoras. E ainda separou lixo na cooperativa.
Agora, na trama, Betânia está ganhando mais espaço desde que começou a se passar por Rita, vivida por Débora Falabella, que na fase adulta se chama Nina. A frentista conviveu com a protagonista no lixão e as duas se consideram irmãs. "Betânia faz isso porque ama muito a amiga, esse é o elo mais forte", ressalta. Para despistar Carminha, de Adriana Esteves, Betânia usa um visual "dark", com "piercing" no nariz e coturno, bem diferente do estilo de Nina. Essa é uma fase delicada do papel para Bianca. Afinal, a atriz precisou buscar um tom diferente, já que Betânia é uma trabalhadora, com uma vida normal, que precisa ser atriz por alguns momentos. "Imaginei: 'Que referência de ator ela deve ter? Novela'. Fiz uma coisa mais para o melodrama, mais exagerada", revela.
As cenas com Adriana Esteves, inclusive, exigiram uma preparação maior. Por serem mais longas e difíceis, Bianca ensaiou bastante sozinha. Além disso, contou com o auxílio da mãe, Leila Mendes, fonoaudióloga e preparadora vocal. "Fiz um trabalho de abrir mais, falar umas gírias", destaca ela, que também se preparou com Sergio Penna para "Avenida Brasil". A atriz tem o hábito de trabalhar com a mãe há muito tempo. Inclusive quando fez sua primeira personagem fixa de novela, a Maria João de "Belíssima". Na ocasião, Bianca precisou amenizar o sotaque carioca, já que interpretaria uma garota de São Paulo. "Deu muito certo. Tanto é que as pessoas acham que sou paulista", entrega ela, que também gosta de ter outros preparadores. "Dá muito certo com a minha mãe, mas estou aberta a outras pessoas", diz.
Outra pessoa com quem Bianca percebeu uma grande afinidade foi com Débora Falabella. Elas nunca haviam trabalhado juntas e tiveram um primeiro contato em uma leitura da novela. Quando começaram a gravar, a intimidade veio rápido. "A gente entrou em uma sintonia muito especial", constata ela, que acredita que a boa fluidez do trabalho seja por conta dos estilos semelhantes de interpretação das duas. "É uma concentração parecida. A gente trabalha mais no detalhe, uma coisa mais sutil", compara.
Uol
Nenhum comentário:
Postar um comentário