A estreia de Daniel Rocha
na televisão se tornou realidade em grande estilo. O ator, de 21 anos,
integra o elenco de "Avenida Brasil", novela global exibida na
prestigiada faixa das 21h. Já de cara, o jovem profissional, de 21 anos,
tem conquistado o público ao se deparar com um papel desafiador, o
aspirante a jogador de futebol que se “descobrirá” homossexual.
“No
momento eu não posso afirmar nada, se acho que ele é gay ou não. Até o
momento ele é um menino simplesmente sensível que tem um amor gigante
pelo pai [Diógenes, Otávio Augusto]
e pelo ser humano, pelo próximo. Ele sempre é prestativo em tudo, o que
é muito interessante”, definiu ele, que diz ainda não conhecer ao certo
como será o futuro do personagem.
Ainda trilhando os primeiros passos de Roniquito, já que a trama
estreou em 26 de março, Daniel acredita ser difícil seu personagem, que
discretamente se insinua para Leandro (Thiago Martins), viver o polêmico beijo gay entre homens em uma novela, mas não vê problemas caso a cena precise ser executada.
“Se
rolar, sou um ator. Um ator tem que estar disposto a fazer a cena que o
personagem faria na hora. Então, não tem problema nenhum. Sem
preconceito, faria tranquilamente. Grandes atores já fizeram. Heath Ledger em ‘Brokeback [Mountain’], Sean Penn em ‘Milk’. É preciso, é necessário, às vezes. Se for necessário, se o personagem quiser, não tem problema nenhum.”
Longe
do assunto polêmico, Daniel destacou o que acredita que sejam os
pontos fortes do seu personagem: o lado bondoso e nobre. “É um caráter
bonito hoje em dia. Acho que as condições que o caráter motiva no
personagem são muito boas. São ótimas. E é um caminho que quando eu li e
fiquei sabendo [eu pensei]: ‘é muito interessante, sou eu também’. Eu
sou parecido em alguns aspectos com ele e não sou eu. É uma construção
pessoal minha e ao mesmo tempo não pessoal. Tenho que buscar
referências. É bom para o ator quando ele é desafiado a fazer uma coisa
que é um pouco diferente dele, mas que tem a ver e mescla sua vida, a
sua humanidade com o mundo em volta que o cerca. Acho que isso é
maravilhoso e estou fazendo, esperando os textos virem, estudando,
fazendo a minha parte. Mas não sei o que virá”, disse.
Para
dar consistência ao personagem, Daniel usou a paixão pelo cinema para
se inspirar. “Como é uma pessoa um pouco mais sensível, comecei a ver
filmes russos com atores um pouco mais frios, mas com uma sensibilidade
maior. O ‘Talentoso Ripley’, com Matt Damon,
que acho que foi uma coisa importante. A minha grande referência, na
questão da cumplicidade da amizade dos dois e não na questão da
homossexualidade porque não sei o que vai acontecer, foi ‘Brokeback
Mountain’. A amizade do Heath com o outro ator [Jake Gyllenhaal] é uma amizade verdadeira, é um carinho pela amizade, e os dois fazem isso muito bem. Assisti ao Javier Bardem, ‘Antes do Anoitecer’, e outras coisas para construir um personagem um pouco mais amoroso e mais sensível.”
Aplausos dentro de casa
Com o avançar do folhetim, o desempenho de Daniel tem se tornado motivo de orgulho do pai, o dentista Cledson, e da mãe, Márcia,
que administra a clínica dentária da família. “Eles falam: ‘Daniel,
parece que não é você. Eu te conheço, tem um pouco de você, mas tem um
pouco que não é’. Aí eu falo: ‘É um personagem’. Eles estão confundindo,
mas gostando. É muito legal ver o filho trabalhando na novela. Sempre
me viram no teatro, em curta-metragem, mas acho que novela é aquele
negócio... Meu pai convive com os clientes que comentam”, contou ele,
que também tem dois irmãos na torcida, um rapaz de 23 e uma moça de 19.
Outra fã de carteirinha do ator é a namorada, a também atriz Monizza,
de 18 anos, de quem recebe elogios e com quem troca figurinhas. “Ela me
dá toques. Fala onde erro, onde acerto, mas ela diz que está bom, que o
caminho é bom”, contou ele, que namora há dois anos. Os atores se
conheceram em São Paulo onde moravam e participavam de grupos diferentes
de teatro, e ainda não trabalharam juntos. A paixão começou em uma
oficina teatral, quando Monizza assistiu a uma peça dele.
Hoje,
a relação dribla a distância, já que ele grava a novela no Rio e ela
segue estudando em uma escola técnica na capital paulista. “Vou muito
para São Paulo, ela vem para o Rio. A cada 15 dias a gente se vê. A
gente se dá super bem, mas morando longe é um pouco mais difícil, a
gente se fala por telefone, mas não dá para se ver com tanta frequência.
Mas, por enquanto, está dando certo. Saudade bate, né!? A gente
morava relativamente perto do outro então, agora, é um pouco diferente”,
explicou ele, que não poupando elogios à amada. “Ela é uma pessoa
maravilhosa, gente boa, amiga, está do lado, sempre. Impagável. É de
família. Uma menina que tem uma família maravilhosa.”
Coleção de fãs
Entre
os frutos da repercussão da novela, está o assédio do público, que
Daniel tem começado a sentir com mais intensidade. Apesar de viver o
possivelmente homossexual Roniquito, é das mulheres que vem a maior
parte dos elogios. “Não sei se é porque está muito no começo ainda na
novela, então, aqui no Rio de Janeiro ou quando estou em São Paulo,
sinto muito o assédio feminino. Mas no Twitter tem muitos homens me
adicionando porque, geralmente, se identificam com o personagem, ou
porque vivenciaram alguma situação parecida. ‘Ele é tão carinhoso com o
pai e isso me motiva’, diz um. Outro fala: ‘Nossa, como ele é bonito’. É
uma coisa natural que eu acho que muitos assistem a esse veículo e é
uma coisa normal. É o Brasil todo, né!? Mas, por enquanto, são mais
mulheres”, analisou.
Além da
admiração pelo personagem, o ator com potencial para galã também já foi
alvo de cantadas por parte dos rapazes. “Sim, várias. Antes da
novela... Ah, eles e falam: ‘Passa o telefone’. E, então, pergunto: ‘Por
que?’. ‘Ah, porque eu queria sair com você’. E eu respondo: ‘Cara, você
é gente boa, mas eu namoro, tenho uma namorada...’. Eles ainda falam:
‘Ainda posso pagar seu café?’. ‘Se você quiser pagar o café, pode’. E aí
vou embora. Não destrato, não desmereço nem nada. Tranquilo. Levo super
no bom humor, não tenho problema com isso. Não tem uma placa escrito se
você é ou não é, entende!? É uma coisa que acontece. E, no mundo de
hoje, ficar brigando por causa disso é imbecilidade, né?! Não tem
porquê...”
Da bateria de testes para a televisão
Após
ter participado de grupos de teatro desde os 16 anos, feito cursos e
apresentado mais de cinco peças, Daniel começou a flertar com a
televisão no início do ano passado. Com talento a ser explorado, o
ator foi convidado a fazer testes para compor o elenco da atual
temporada da novela teen “Malhação”.
A produção da Globo achou o trabalho interessante e decidiu o guardar para outro momento. “O [produtor] Luciano Rabelo
fez testes para a novela e viu o meu.” Depois de nova avaliação em São
Paulo e outra no Rio de Janeiro, esta com a direção e o autor de
“Avenida Brasil”, João Emanuel Carneiro, veio a celebrada conquista do papel.
Foi também no período de testes no Rio que Daniel acabou conhecendo aquele que seria seu futuro colega de elenco, Thiago Martins,
que também estava passando por testes. “Já ficamos brother, trocamos
ideia. Já vimos que dava para ser amigo. A amizade colou. Assim que a
gente soube [da aprovação] foi só felicidade. A gente sai junto, já
assisti a um show da banda dele [Trio Ternura].”
Ídolos
Feliz por atuar ao lado de nomes como Otávio Augusto e Marcus Caruso, o jovem ator também admira outro artista brasileiro. “Me espelho muito no [Marco] Nanini.
Eu sei que ele é dedicado, trabalhou muito, que foi uma coisa sólida.
Foi atrás. Eu acredito nisso. Tudo o que eu vejo dele percebo que ele
tenta se diferenciar em algo.”
Longe das fronteiras do Brasil, astros do cinema internacional também encantam Daniel. “Gosto muito do Marlon Brando e James Dean, que, para mim, são ícones de atores, grandes artistas que existiram. E hoje em dia eu assisto a Daniel Day-Lewis [ator de “Gangues de Nova York” e “Nine”]
e percebo que ele arrebenta em tudo o que faz”, elogiou Daniel, que
continua sonhando alto e também pretende um dia contribuir para a sétima
arte.
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