quarta-feira, 11 de abril de 2012

Crítica: Segunda fase de Avenida Brasil começa com força total

Rita Mel Maia
Tem gente reclamando que tudo acontece rápido demais em Avenida Brasil. Eu discordo veementemente. O que realmente se sucede é que a trama de João Emanuel Carneiro tem um pique impressionante: tudo é muito ágil e dinâmico, mas não corrido. Em outra novela, todo o drama da pequena Rita (Mel Maia) seria desenvolvido apenas no primeiro capítulo. E não em sete. Já vi novela resumindo em uma hora as brigas com a madrasta, o golpe que Carminha (Adriana Esteves) deu em Genésio (Tony Ramos), o abandono da menina no lixão, o novo golpe da vilã em Tufão (Murilo Benício)… E, no final do capítulo, a passagem de tempo com Nina/Rita (Débora Falabella) retornando ao Brasil para se vingar. João Emanuel optou por fazer um prólogo de sete dias, magnificamente elaborado, para só depois começar sua história com Nina virando cozinheira de Carminha. E, como na primeira, a segunda fase veio, que veio, que veio com tudo!
E posso estar enganado. Mas acho que não vai demorar muito o desconhecimento de Carminha de ter empregado sua ex-enteadinha. Assim como em A Favorita (2008), uma forte reviravolta na história deverá ocorrer com essa revelação para Carminha antes do capítulo 100. E já fico me coçando inteirinho pra conferir o que vai rolar. Mas, à base de muita calma e cloridrado de sertralina, eu hei de conseguir controlar minha ansiedade. Até porque não faltam fortes emoções para a gente ir digerindo até lá…
 Nina ( Débora Falabella ) e Lucinda ( Vera Holtz )
Adorei a entrada de Débora Falabella. A jovem chegou com força total, não deixando cair o pique da excelente Mel Maia. Eu estava um pouco reticente em relação à escolha de Débora para viver Nina. Eu preferia Nathália Dill no papel, só que Débora vem provando que seu excesso de doçura pode ser uma arma preciosa para enfrentar Carminha/Adriana Esteves. Até porque foi justamente a carinha de boa moça, com alma de cobra cascavel, que transformou a vilã no grande sucesso que é hoje.
O público, aliás, terá de desenvolver uma grande solidariedade com Nina, afinal, não é fácil ficar ao lado de alguém tão rancorosa e capaz de jurar em falso para o pai adotivo, Martin (Jean Pierre Noer), em seu leito de morte, que iria esquecer seu plano de vingança. Pessoalmente adoro essas personagens complexas e cheias de nuances. Não acredito em ninguém 100% bom ou mal e Nina. Pelo menos por enquanto, Nina sequer pode ser chamada de mocinha. O que, dramaturgicamente, é ótimo!
Jorginho ( Cauã Reymond ) e Nina ( Débora Falabella)
Dos atores que entraram na segunda fase, Ísis Valverde é outro destaque. Safadérrima, Suéllen é a versão maldosa e picareta da Rakelli, de Beleza Pura (2008), e em apenas sete capítulos já deu para sentir que ela não vale nada, mas a gente vai gostar dela assim mesmo… Sem falar que Ísis está linda de viver.Por falar em beleza, a já citada Nathália Dill, mesmo num papel menor, arrasou, principalmente, quando contracenou com Cauã Reymond, descaradamente péssimo como Jorginho, ex-Batata (Eduardo Simões). Não adianta! Esse cara não dá. Já ganhou nota 10, foi premiadíssimo, mas ele é repetitivo, suas interpretações são todas iguais. Não sei qual a diferença do Jorginho para o Danilo (Passione, 2010) ou para o Halley (A Favorita, 2008), todos complexados e problemáticos. Os papéis são parecidos? São. Mas cabe ao ator dar nuances diferentes a cada um deles. Quer dizer… Quando se é um bom ator… O que Cauã não é mesmo. E que ninguém diga que o Jesuíno, de Cordel Encantado (2011) foi uma exceção. A diferença ali era que Cauã estava protegido por figurinos de época e uma composição corporal e de gestual que qualquer um, ator ou não, consegue aprender. Debaixo disso tudo continuaram as caretas, as bufadas e o tom sempre à beira de um ataque de nervos. Cansativo!
Voltando às novidades da segunda fase… Ana Karolina está ótima como Ágata, que sofre de bullying da própria mãe; Débora Nascimento desfila beleza e ingenuidade como Tessália; Carol Abras convenceu como a drogada Begônia e José Loreto está engraçado e sexy como Darkson. Entre os remanescentes da primeira semana, ainda brilham Heloísa Perissé (Monalisa), Alexandre Borges (Cadinho), Débora Bloch (Verônica), José de Abreu (Nilo), Marcos Caruso (Leleco), Fabiula Nascimento (Olenka) e Juliano Cazarré (Adauto). Ivana (Letícia Isnard) ficou engraçadíssima depois do casamento com Max (Marcello Novaes) e vem fazendo boa parceria com o ator. Já Murilo Benício continua bem, mas precisaria dosar só um pouquinho o jeito malandro de Tufão. Está meio over… Continuo não suportando os gritos de Eliane Giardini (Muricy) e, por enquanto, Carolina Ferraz (Alexia) e Camila Morgado (Noêmia). Só fizeram figuração. Aliás, esse núcleo… João Emanuel Carneiro precisa ter muita atenção com ele porque já está ficando chato.
Para completar preciso fazer um desabafo. Lucinda (vivida pela ótima Vera Holtz) é tratada como uma mãezona, realmente cuida bem das crianças, dá lanchinohs… Só que ela também é uma exploradora do trabalho infantil. Assim como Nilo. E, pior: ainda é conivente com os maus tratos daquele homem repugnante em relação aos meninos que escraviza, em nome do tal pacto. Lucinda mesmo, numa cena, disse que se Rita não tivesse fugido para a casa dela, certamente já seria mais corpo que dele deixaria jogado no lixão. Para tudo! Pela conivência e exploração, Lucinda é tão criminosa quanto Nilo. E não tem lanchinho ou casinha bonita (que deve ter sido construída pela equipe de Hoje é Dia de Maria, 2005) que a bonifique. Pra mim é cadeia nela também!
TV por Jorge Brasil

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